Registos 1952-2017
JoĂŁo Cutileiro 80 anos 1937-2017
Ficha técnica João Cutileiro - 80 anos, 1937-2017 | registos 1952-2017 Coordenação-geral: Victor Amaral, Vereador da Cultura da Câmara Municipal da Guarda Coordenação redatorial: João Mendes Rosa, Diretor do Museu da Guarda Curadoria: Mariana Mata Passos | João Mendes Rosa Produção: Município da Guarda | Museu da Guarda Textos: Álvaro dos Santos Amaro, Alexandre Pomar, João Mendes Rosa Créditos Fotográficos: João Cutileiro Grafismo: Martim Vasco Edição: CMG | MG Equipa de produção: Vítor Pereira, Ana Maria Barbosa, Ana Leonor Pereira da Silva, Ana Luísa Augusto, Juliana Almeida, Hugo Faustino, Dulce Helena Borges, Sérgio Pissarra, José Manuel Branco, Andreo Teixeira, Aníbal Castelo, Maria do Céu Santos, Helena Morgado, Emília Esteves, Cândida Paulo, Fátima Barbosa, Lurdes Matias, Martim Vasco, Vânia Lopes, Diogo Crespo. Impressão: Depósito legal: ISBN: 978-989-8216-86-1 outubro 2017
de
Presidente da Câmara Municipal da Guarda
Palavras
introdução
Álvaro dos Santos Amaro
É com renovado agrado que recebemos na Guarda mais uma das manifestações artísticas saídas das mãos do Mestre João Cutileiro – um dos artistas plásticos mais prestigiados do nosso país e que tem, além do mais, raízes familiares na nossa região. Desta vez é com a fotografia que honra uma cidade que assinala, de uma forma multimodal, ao longo do corrente ano de 2017, os seus 80 anos de (fecunda) existência. “Registos” é um repositório magnífico de obras fotográficas que João Cutileiro realizou entre 1952 e 2017 e revela-nos uma faceta do artista que será porventura desconhecida do grande público. Escultor de génio, desenhador reconhecido e aclamado – de que é exemplo a exposição que tivemos no Museu da Guarda «80 Desenhos | 80 anos» - inserida do II Simpósio Internacional de Arte Contemporânea – esta mostra, se outro mérito não tivesse, vem descobrir-nos esse João Cutileiro enquanto
criador plural e multifacetado. É, por conseguinte, com justificado gosto que voltamos a ter Cutileiro no Museu que traz consigo registos belíssimos de pessoas e lugares: rostos que todos nós reconhecemos graças à sua notabilidade e que fizeram parte da história da cultura do nosso país; lugares que dão conta do cosmopolitismo de João Cutileiro. Agradeço, pois, ao Mestre por ter contado com a Guarda para ‘dar guarda’ a mais esta sua notável exposição.
INSTANTANEAMENTE…
QUASE Diretor do Museu da Guarda
João Mendes Rosa
If I could tell the story in words, I wouldn’t need to lug around a camera. LEWIS HINE
Se o pensamento que encima estas linhas, proferido por um dos mestres da fotografia de todos os tempos – Lewis Wickes Hine (um dos percursores da fotografia documental de cariz social, denunciando a precaridade laboral nova-iorquina dos primórdios do século passado) – fosse aplicado ao autor da presente exposição, dir-se-ia que, se o mesmo tivesse querido transmitir a sua mensagem com a arte que mais o evidencia, isto é, pegando na marreta (O’Neill dixit), não haveria sentido por certo a necessidade de carregar a câmara… Mas sendo ele, na verdade, um dos pioneiros, em Portugal, da determinação de dar plena autonomia às artes fotográficas no quadro das demais expressões criativas, estes seus «Registos» resultam da inegável intencionalidade de infundir sensações que só mesmo a fotografia é capaz. Aliás, no seu caso particular – e como ele próprio diz – mesmo nas situações em que o registo fotográfico é usado como complemento das suas aportações escultóricas, fá-lo ainda assim numa abordagem independente, sem as tão vulgares subalternizações, no pleno respeito pela integridade da arte que Gerard Castello Lopes – também ele captado por Cutileiro nesta exposição, refira-se - dizia ser «ao mesmo tempo um registo da realidade e um autoretrato, porque só o fotógrafo vê aquilo daquela maneira». A arte que o João produz vem-lhe do barro que ora moldou ora mergulhou no líquido revelador. A fotografia assume desde muito
cedo para o autor uma importância capital: foi através da lente de uma objetiva que Cutileiro começou a expressar publicamente a sua visão do mundo, uma visão sempre única, sempre genuína, ora apaziguante ora perturbadora, de um mundo tornado também ele inquietante, em que nos convida a participar numa percepção peculiar da naturalidade que, bem vistas as coisas, esconde aquilo que é tantas vezes mais o seu oposto: a construção elaborada de um esquema lumíneo na deliberada conjugação de planos e temas. Olhamos estes «Registos» e sustemos o imprevisível – sem que a retina tivesse tido sequer tempo de ser surpreendida - e captamos o sucessório liame de um jogo em que o instante assalta e subjuga o elemento locativo, o rosto, a cronologia, a temática, prevendo a perenidade dos apontamentos com uma magia que nos espanta e fascina. Além do mais, esta convergência no tempo de outros tempos, que repousam em paredes e na policromia do papel, reacendem sentimentos, aviventam emoções, episódios, estórias, experiências e projectam-nos tão completamente que parece que somos nós - os observadores - os extemporâneos, aqueles a quem o passado contempla com um benévolo desdém do alto da sua longevidade. Esta mostra, de que o Museu da Guarda, pela parte que lhe cabe de responsabilidade nas celebrações dos 80 anos de vida de João Cutileiro (1937-2017) muito se orgulha, é pois muito mais do que um mero repositório dos rostos que inspiraram os ditosos dias da cultura portuguesa do último meio sécu-
lo: é o Portugal que quer voltar às primícias das Liberdades sem sinetes nem chancelas, sem máscaras nem véus,
que se foi construindo na convivialidade de pensadores e criativos: Portugal que soube escrever, gerar, avançar, elevar, lutar… E tornamo-nos, assim, aos poucos, algo mais próximos dessa Europa que há séculos nos era sucessivamente roubada por um Zeus francamente menor e, depois, por um ou mais títeres de jaez similar, desprezando os rostos que eram já – e nem todos o sabiam – o rosto do Portugal liberto da divindade sequestradora de má memória. Eis, pois, o que acontece nestas três salas. O resgate do Portugal tornado novo. E tudo aqui, afinal; aqui e agora, na Guarda que sabe acolher os melhores ‘Registos’ desse tão próximo tempo, afinal.
Registos 1952-2017
Jornalista e CrĂtico de Arte
Alexandre Pomar
João Cutileiro nasce em Lisboa em 1937, vive e trabalha em Évora. Expôs fotografias na sua primeira exposição, em 1961 (que foi a 2ª, contando uma em Monsaraz e Évora aos 15 anos, em 1951). Continuou sempre a fazê-las e, de longe a longe, a mostrá-las. Além de escultor é fotógrafo, ou faz óptimas fotografias, em especial retratos — fotografias de gente, como lhes chamou em 1961. É mesmo um dos nomes certos da revolução fotográfica do final dos anos 50, ou é mesmo o primeiro fotógrafo dos anos 60, e um dos poucos, um dos primeiros, que nesse tempo mostrou publicamente as suas fotografias. Aliás, João Cutileiro até foi (quase?) fotógrafo profissional, além de efémero bolseiro, em Londres, já que encarou durante uns anos a fotografia como uma actividade que podia e devia ser remunerada, no caso de se tratar de prestação de serviços e resposta a encomendas, para além de fotografar por gosto amigos e amigas. Construiu assim uma galeria de retratos que fixou uma geração, ou duas, e deixou registados os tempos de liberdade em Londres (1955-1970). Também foi e continuou a ser um fotógrafo de esculturas, as suas. Exposições Individuais 1961. “25 Esculturas / Fotografias / Desenhos de João Cutileiro”, SNBA, Lisboa. 1993. “Memória”, Galeria Valentim de Carvalho — Mês da Fotografia, Lisboa. 2004. “Homenagem a Gustave Courbet”, Casa das Artes,Tavira. 2008. “Photographs by João Cutileiro Vintage nudes from the 60s and 70s”, P4 Art Gallery, Lisboa.
Publicações 1961. Peter Fryer and Patricia McGowan Pinheiro, Oldest Ally. A portrait of Salazar’s Portugal, Dennis Dobson, London. (“A southern Village”, foto assinada J. de Souza; também publicada em José Cutileiro, 1971). 1971. José Cutileiro, A Portuguese Rural Society, Clarendon Press, Oxford — também com fotografias de Gérard Castello Lopes. 1994. Colóquio — Letras, ed. Fundação Gulbenkian (dir. David Mourão Ferreira e Joana Morais Varela), n2 132/133, Abril-Setembro (8 retratos), p. 4-5 extra-texto. No mesmo n2, também 8 retratos de Fernando Lemos. 1999. Flores — Esculturas de João Cutileiro — Homenagem a Mapplethorpe, catálogo, Museu de Évora. 2004. Luís Amorim de Sousa, Londres e Companhia, Assírio & Alvim. 2005. Em Foco. Fotógrafos portugueses do pós-guerra. Obras da Colecção da Fundação PLMJ (dir. Miguel Amado), Assírio & Alvim, e catálogo de exp. colectiva, Fundação PLMJ Museu da Cidade, Lisboa, 2006. 2008. Photographs by João Cutileiro - Vintage nudes from the 60s and 70s, P4 Live Auctions, Lisboa. 2012. Uma Degustação. Escultura, Desenho, Relevos, Fotografia. João Cutileiro na Galeria Municipal de Arte de Barcelos, Set.Nov. 2013. Correio da Manhã (supl. de domingo), 31 Março: fotografias de Cabul em 1951.
fotografias em exposição Auto-retratos
- Auto-retrato (Londres, 1964) - Auto-retrato até debaixo de água (Lagos, 1963) - Auto-retrato na lente de Marisa Cardoso (Guimarães, 2008) - Auto-retrato (Londres, 1961) - Auto-retrato com Thierry Gould (Londres, 1964) - Auto-retrato (Londres, 1964) Família - Margarida Lagarto (Évora, séc. XXI) - Margarida Lagarto (Évora, séc. XXI) - Maria Antónia Lagarto (Évora, séc. XXI) - Marta Cutileiro (Évora, séc. XXI) - Tiago Cutileiro na véspera de ser avô (Évora, séc. XXI) - JEC (Lagos, 1965) - José Cutileiro (Londres, 1964) - José Cutileiro (Évora, séc. XXI) Cabul-1952 - Bazar III (Cabul, 1952) - Bazar I (Cabul, 1952) - Bazar II (Cabul, 1952) Londres - Highgate Old Cemetary I (Londres, 1963) - Highgate Old Cemetary II (Londres, 1963)
Fotógrafos que me fotografaram - Alfredo Cunha Guimarães (2008) - António Sena (Porto da Horta, 2004) - Gérard Castello Lopes (Lagos,1962) - Mafalda Reis Moore (Lagos, 1964) - JEC (Évora, 2008) - Lourdes Ferreira (Évora, 2001) - Ana Antunes (Évora, 2017) - Paulo Nozolino (Lisboa, 2002) - José Manuel Rodrigues (Évora, 2007) - Luís Campos (Évora, 2000) - Rui Ochoa (Évora, 2003) Artistas Plásticos/ Arquitetos - Retrato de Álvaro Lapa (Évora, 1959) - Menez (Londres, 1964) - Júlio Resende (Évora, séc. XXI) - Alexandre Pomar (Évora, séc. XXI) - Pedro Portugal (Évora, séc. XXI) - Júlio Pomar (Évora, séc. XXI) - Leon Kossoff (Londres, 1964) - José Pedro Croft (Évora, séc. XXI) - Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa, 1959) - Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa, 1959) - Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa, 1959) - Maria Helena Vieira da Silva e Árpád Szenes (Lisboa, 1959) - Maria Helena Vieira da Silva e Árpád Szenes (Lisboa, 1959) - Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa, 1959) - Árpád Szenes (Lisboa, 1959) - Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa, 1959) - Maria Helena Vieira da Silva (Lisboa, 1959) - Maria Helena Vieira da Silva e Árpád Szenes (Lisboa, 1959) - Mário Cesariny (Londres, 1964) - Mário Cesariny (Londres, 1964) - Mário Cesariny (Londres, 1964) - Rui Chafes (Évora, séc. XXI) - Fernanda Fragateiro (Évora, séc. XXI) - Sílvia Westphalen (Évora, séc. XXI)
-
Ilda David (Évora, séc. XXI) Leão Lopes (Évora, séc. XXI) Luís Afonso (Évora, séc. XXI) Keil do Amaral (Algarve, 1963) Pedro Vieira de Almeida (Lagos, Anos 60) José Pulido Valente (Évora, séc. XXI) Pitum Keil do Amaral (Évora, séc. XXI) Pedro Lobo Antunes (Évora, séc. XXI) Helena Roseta (Évora, séc. XXI) Manuel Azevedo Gomes (Lagos,1962)
Teatro, cinema e dança - Paula Sá Nogueira (Londres, 1963) - Maria Cabral (Lisboa, 1964) - Anne Heywood (Londres, 1964) - Maria do Céu Guerra (Évora, séc. XXI) - Leonor Keil (Évora, séc. XXI) - Rita Azevedo Gomes e Stitch (Lagos, 1962) - Paola Azguime (Lagos, 1962) Escritores - Mário Cesariny (Londres, 1964) - Mário Cesariny (Londres, 1964) - Hélder Macedo (Londres, 1964) - Maggie Evans (Londres, 1964) - Maggie Evans (Londres, 1964) - Maggie Evans (Londres, 1964) - Paulo da Costa Domingos (Évora, séc. XXI) - Doris Lessing (Londres, 1964) - Doris Lessing (Londres, 1964) - Ruy Cinatti (Lisboa, 1966) - Sophia (Lagos, 1964) Portugal/Londres - Karin Dias e Jorge Sampaio (Lagos, 1967) - António Travassos (Évora, séc. XXI) - João Caraça (Évora, séc. XXI) - Henrique da Silva (Paris, 1969) - Raquel Heniques da Silva (Évora, séc. XXI)
- Gisela “Gizla” Gil (Londres, 1961) - Fernando Gil (Londres, 1961) - Ana Luísa Mandillo (Lagos,1964) - Maria Inez Hespanha (Lagos, 1962) - Luís Amorim de Sousa em terra de cegos (Londres, 1963) - Xana Ferreira (Évora, séc. XXI) - Inácio Ludgero (Évora, séc. XXI) - Jorge Pacheco debaixo de água (Lagos, 1963) - Zélia Parreira, (Évora, séc. XXI) - Joaquim Caetano (Évora, séc. XXI) - João Vieira, Sá Caetano e Suzete Macedo (Londres, 1961) - Vera Azancot (Lagos, 1960) - Hannah Damásio (Lagos, 1972) - José Joaquim Figueiredo Luís (Lagos, 1964) - Maria João Seixas (Lisboa, 1965) - Carlos Santos Ferreira (Évora, séc. XXI) - Ilídio Pinho (Évora, séc. XXI) - Ana Viegas (Lagos, 1964) - Jean Caplan (Lisboa, 1964) - Marta Leitão (Lagos, 1966) - Karin Dias (Évora, séc. XXI) - Ana Cristina Pais (Évora, séc. XXI) - Brigite Farraia (Évora, séc. XXI) - Ana Adolfo Coelho (Lagos, 1962) - Graça Bessa (Londres, 1961) - Hellmut Wõhl (Évora, séc. XXI) - Artur Santos Silva (Évora, séc. XXI) - Maria Helena Vieira da Silva e Árpád Szenes (Lisboa, 1959) - Maria Helena Vieira d Silva (Lisboa, 1959) - Doris Lessing (Londres, 1964) - Maggie Evans (Londres, 1964) - Keil do Amaral (Algarve, 1963) - Gérard Castello Lopes (Lagos, 1962)
Auto-retratos
Auto-retrato Londres, 1964
com Thierry Gould
Auto-retrato até debaixo de Água Lagos, 1963
GuimarĂŁes, 2008
na lente de Marisa Cardoso
Auto-retrato
Auto-retrato Londres, 1961
Londres, 1964
Auto-retrato
Artistas Plรกsticos e arquitetos
Alexandre Pomar
Évora, séc. XXI
Fernanda Fragateiro
Évora, sÊc. XXI
Évora, séc. XXI
Chafes
Rui
José Pedro Croft Évora, séc. XXI
Júlio Pomar
Évora, séc. XXI
Keil do Amaral
Algarve, 1963
Helena Vieira da Silva e
Lisboa, 1959
Szenes
Maria ร rpรกd
Escritores
Londres, 1964
Macedo
HĂŠlder
Maggie Evans
Londres, 1964
Lagos, 1964
Sophia
Londres, 1964
Cesariny
Mรกrio
Lisboa, 1966
Cinatti
Ruy
Teatro, Cinema Danรงa
Londres, 1964
Heywood
Anne
Maria Cabral
Lisboa, 1964
Maria do Céu
Guerra
Évora, séc. XXI
Londres, 1963
Sรก Nogueira
Paula
FamĂlia
Lagos, 1965
JEC
Londres, 1964
Cutileiro
JosĂŠ
Évora, sÊc. XXI
Cutileiro
Marta
Margarida Lagarto Évora, sÊc. XXI
Maria Antónia Lagarto Évora, séc. XXI
Évora, séc. XXI
Cutileiro, na véspera de ser avô
Tiago
Fotรณgrafos que me fotografaram
Ana Antunes Évora, 2017
Luís Campos Évora, 2000
Évora, 2007
Rodrigues
José Manuel
JEC Évora, 2008
Mafalda Reis Moore Lagos, 1964
Lourdes Ferreira
Évora, 2001
Paulo Nozolino
Lisboa, 2002
Porto da Horta, 2004
Sena
Antรณnio
Cabul
Cabul, 1952
Bazar I
Cabul, 1952
Bazar II
Cabul, 1952
Bazar III
Londres
Highgate Old Cemetery I Londres,1963
Highgate Old Cemetery II Londres, 1963